A.D. Emperado • M. Tiwanak • A. Abad • G. Lim • P. Lim • N. Nunes

uma breve história do hula...

 

“Se nós não mantivermos a cultura, não teremos nada para manter a nossa identidade.”

Segundo a lenda, o Hula surgiu quando a Deusa Laka deu nascimento à dança num lugar sagrado do Havai chamado Ka'ana. Um outro relato conta que foi Hi'iaka que criou o Hula para acalmar a sua furiosa irmã, a Deusa do vulcão Pele. De uma forma ou de outra, o Hula foi presenteado ao povo havaiano através da Deusa, e à Deusa o povo havaiano brindou as Halaus (Escolas).

Por ser considerada uma dança sagrada, um presente divino, só os iniciados podiam dançar o Hula. Os dançarinos viviam em templos sujeitos a um regime de árduo treino e Kapu (proibições) apropriados á consagrada arte do Hula.

Passando de geração em geração, as crianças eram seleccionadas muito cedo para a Escola de Hula. No Halau eram afastadas das influências externas e o treino começava com a disciplina necessária para aprender esta forma de Arte.

Quando os exploradores ingleses James Cook e George Vancouver chegaram ao Havai entre 1778 e 1792, ficaram surpreendidos com as cenas protagonizadas por centenas de dançarinos. Estes sincronizavam apresentações de cânticos harmoniosos, enquanto apresentavam difíceis movimentos de dança. Os cantos, ou Melescontavam histórias, as danças contavam as histórias em movimento. Apesar de não ser um ritual religioso, esta forma de expressão e de alegria era intitulada de Dança Sagrada, de Hula!

Conheciam-se cantos para cada ocasião, mas um dos mais importantes era o Canto de genealogia (o Canto da origem, da ascendência, da família). A linhagem pessoal consentia a importância e frequentemente a profissão na sociedade.

Relembrar e homenagear os ancestrais era um acontecimento absoluto. A cada família era permitido relembrar dez gerações anteriores. Só ao Rei era consentido relembrar mais do que dez estirpes.

 

Em 1820, com a chegada da ordem autoritária dos missionários americanos, a rainha regente havaiana Ku’ahumanu proibiu a prática o Hula, que por ser considerado pouco sugestivo e desenquadrado foi denominado como um costume profano. Com esta “castração”, todas as Halaus foram obrigadas a encerrar as suas portas ao público, continuando a sua plena actividade de forma oculta. Desta forma, grande parte das tradições do Hula como o canto e na sua maioria a tradição Há’a (tradição que sugeria joelhos dobrados, um movimento de súplica aos deuses), desvaneceram.

No decorre do ano 1880, no reinado de David Kalakaua, também conhecido com o Monarca Feliz, houve um renascimento cultural possibilitando a abertura ao público das Halaus. Este encorajamento foi de tal forma que, na coroação do Rei em 1883 e novamente no seu aniversário, em 1886, as Halaus fizeram a sua apresentação. O Hula voltou a ser considerado a celebração pela Vida e a identidade da cultura havaiana. 

“Hula é a linguagem do coração e portanto a batida do coração do povo havaiano”, afirmou o Rei.

O Rei Kalakaua não só adorou, como encorajou a cultura do Hula mas, infelizmente em 1891 morre, e com esta perca a cultura voltou a sofrer a desaprovação e a proibição, retrocedendo à sua forma oculta.

Por volta de 1960 o Hula e o canto havaiano renascem. Em honra do passado e com orgulho no presente, os havaianos dedicam-se não só ao seu aperfeiçoamento como à sua propagação. Hoje somos presenteados com dois estilos de Hula, o Hula Kahiko ou Hula Antigo, que usa danças e cânticos para relatar com orgulho a história, costumes, cerimonias e tradições do antigo Havai e seu povo; e o Hula A’uana ou Hula Moderno, a dança com a qual a maioria das pessoas está familiarizada, que combina coreografias e músicas mais alegres, contagiantes e espirituosas recontando a vida contemporânea nas ilhas.